sábado, 31 de julho de 2010

Colesterol e o exercício físico


Que a prática de exercícios físicos é benéfica na prevenção do enfarte do miocárdio, além de contribuir para a elevação do nível de colesterol bom no sangue, o HDL, já era de conhecimento geral. A dúvida, no entanto, ficava sobre o que acontecia com o LDL, chamado de colesterol ruim, causador de diversos males ao ser humano. Um trabalho apresentado no 60° Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia abre espaço para esta discussão e pode ser um ponta pé para acabar com os questionamentos sobre o assunto.

O estudo que traçou um paralelo entre os exercícios físicos e a redução do colesterol foi realizado por uma equipe do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo (Incor). "Os músculos, ao serem estimulados com a atividade física, vão consumir o colesterol LDL", explica José Antônio Ramires, diretor geral do Incor, que também apresentou a pesquisa no Congresso Europeu de Cardiologia, ocorrido semana passada em Estolcomo, na Suécia.

Essa é a primeira vez que um estudo revela que a prática de exercícios físicos auxilia na queima do colesterol. O resultado do trabalho é animador, mas deve ser visto com cautela, sobretudo pelos freqüentadores assíduos de academias. No entanto, a pesquisa serve como um estímulo às pessoas que possuem nível elevado de colesterol e não praticam nenhum tipo de exercício.

Como relata Ramires, o trabalho foi simples e envolveu 18 pacientes. Após a escolha dos participantes, foi medido o nível de colesterol LDL em cada um. Em seguida, as sessões de exercícios e novas medições foram feitas. Nessas análises verificou-se que houve uma rápida redução do nível de LDL no sangue desses pacientes. "O exercício obrigava os músculos a consumir LDL", informa.

SÓ O EXERCÍCIO NÃO RESOLVE

O especialista em cardiologia esportiva Nabil Ghorayeb, que é chefe da seção de Cardiologia do Esporte do Instituto Dante Pazzanese e também do Hospital do Coração, em São Paulo, vê os resultados com cautela. Ele lembra que estudos recentes apontaram que o nível de colesterol bom, o HDL, se eleva pouco para quem pratica exercícios há um bom tempo e que o nível de LDL diminui menos de 10% no longo prazo.

A avaliação de Ghorayeb é importante, pois ainda não existe no mundo nenhum estudo com uma amostra grande de pessoas que tenham, através da atividade física, sanado o problema do colesterol. "É preciso frisar também que o exercício tem que ser regular e moderado, por no mínimo 14 semanas. O indivíduo, principalmente aquele que nunca praticou esportes, não pode aderir imediatamente à atividade de forte impacto", avisa o cardiologista.

Diante do quadro levantado por ele, vale ressaltar ainda a combinação de três pontos: prática de exercício regular e moderado, alimentação saudável, e, quando necessário, administração de remédios. "Não adianta sair fazendo qualquer tipo de esporte e achar que estará protegendo o coração, pois não estará. Se fosse assim, não teríamos praticantes regulares de atividades físicas enfartando", finaliza Ghorayeb.

FATORES DE RISCO

Um estudo intitulado "Interheart", divulgado em setembro do ano passado, apontou o colesterol LDL elevado como um dos principais fatores de risco para o enfarte do miocárdio no mundo. Além do colesterol, a pesquisa mostrou que os demais complicadores são: tabagismo, estresse, diabete, hipertensão arterial e obesidade abdominal. Do outro lado, o trabalho apontou como fatores de proteção a atividade física, o consumo diário de frutas e verduras e a ingestão moderada de bebidas alcoólicas.

Profissionais da área médica atestam que controlando esses fatores, combate-se em 90% as doenças do coração. O "Interheart" foi financiado por diversas instituições de todo o mundo sob a coordenação de Salim Yusuf, da Universidade de McMaster, do Canadá.

O QUE É O MAL COLESTEROL

O LDL é algo similar à gordura presente no sangue. Ele pode ser fabricado no fígado ou originado pelos vários alimentos consumidos. O nível elevado desse tipo de colesterol pode se acumular nas artérias causando, entre outras coisas, ataque cardíaco, derrame e enfarte.

O colesterol elevado não apresenta sintomas, daí a importância de conhecer o nível de LDL, já que existe tratamento eficaz. As sociedades de Cardiologia Norte-americana e Brasileira recomendam que todas as pessoas a partir dos 20 anos façam a medição do perfil lipídico, ao menos uma vez a cada cinco anos.

Nível de colesterol total recomendado pelas sociedades de cardiologia:

Desejável: menor que 200 mg/dl

Limite: entre 200 e 239 mg/dl

Elevado: superior ou igual a 240 mg/dl

Fonte: www.portaleducacao.com.br

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